Mapa dos domínios dos povos bárbaros no continente Europeu durante a idade média.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Mapa da Europa medieval
O nome da rosa
Nesta quarta-feira (12/12/12), será exibido, no auditório do IFRN - campus João Câmara, o filme “O nome da rosa”. A mostra de filme será realizada através da iniciativa da professora de história, Olívia Neta, que quer proporcionar aos seus alunos uma forma mais dinâmica de aprender a sua matéria.
Sinopse:
Em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha desta opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Considerando que ele não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado.
Significado do título "O nome da rosa"
O título do livro surge na última frase do livro, "Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus", que se pode traduzir do seguinte modo: "A rosa antiga permanece no nome, nada temos além do nome". A ideia é que mesmo as coisas que deixam de existir ou que nunca existiram deixam atrás de si um nome. Eco refere-se talvez ao facto de o Livro do Riso, de Aristóteles, no centro da ação, não ter existido realmente, ou apenas ao facto de, ficcionalmente, ter deixado de existir, deixando apenas o seu nome.
Ficha técnica:
* Título original: Der Name Der Rose
* Ano de lançamento (Alemanha) : 1986
* Direção: Jean-Jacques Annaud
* Atores: Sean Connery , Christian Slater , Helmut Qualtinger , Elya Baskin , Michael Lonsdale
* Duração: 02 hs 10 min.
Fonte: http://cinemacomvida.blogspot.com.br/2009/09/o-nome-da-rosa.html
Nomeação de cavaleiro
domingo, 9 de dezembro de 2012
Exercícios sobre o sistema feudal
01. (FAAP) Durante grande parte da Idade Média, a Europa Ocidental viu definhar lentamente as atividades comerciais, a ponto de quase desaparecerem. Cite dois fatores que causaram o atrofiamento do comércio nesse período:
02. (FUVEST) Politicamente, o feudalismo se caracterizava pela:
a) atribuição apenas do Poder Executivo aos senhores de terras;
b) relação direta entre posse dos feudos e soberania, fragmentando-se o poder central;
c) relação entre a vassalagem e suserania entre mercadores e senhores feudais;
d) absoluta descentralização administrativa, com subordinação dos bispos aos senhores feudais;
e) existência de uma legislação específica a reger a vida de cada feudo.
03. (UNIP) O feudalismo:
a) deve ser definido como um regime político centralizado;
b) foi um sistema caracterizado pelo trabalho servil;
c) surgiu como conseqüência da crise do modo de produção asiático;
d) entrou em crise após o surgimento do comércio;
e) apresentava uma considerável mobilidade social.
04. (PUC) A característica marcante do feudalismo, sob o ponto de vista político, foi o enfraquecimento do Estado enquanto instituição, porque:
a) a inexistência de um governo central forte contribuiu para a decadência e o empobrecimento da nobreza;
b) a prática do enfeudamento acabou por ampliar os feudos, enfraquecendo o poder político dos senhores;
c) a soberania estava vinculada a laços de ordem pessoal, tais como a fidelidade e a lealdade ao suserano;
d) a proteção pessoal dada pelo senhor feudal a seus súditos onerava-lhe as rendas;
e) a competência política para centralizar o poder, reservada ao rei, advinha da origem divina da monarquia.
05. (UNIP) Sobre o feudalismo, assinale a alternativa correta:
a) A economia era dinâmica, monetária e voltada para o mercado.
b) A sociedade era móvel, permitindo a ascensão social.
c) O poder político estava centralizado nas mãos de um monarca absolutista;
d) A mão-de-obra básica era formada por trabalhadores escravos.
e) As principais obrigações devidas pelos trabalhadores eram a corvéia e a talha.
06. (SANTA CASA) A Alta Idade Média (séculos V - XI) tem como uma de suas características singulares, que a define historicamente:
a) o desaparecimento dos reinos germânicos do Ocidente;
b) a consolidação e generalização do trabalho servil;
c) a organização das Cruzadas para combater os infiéis do Islão;
d) o desenvolvimento - com posterior centralização - do poder real;
e) o Renascimento Comercial, que reestruturou a vida econômica feudal.
07. (MACK) Marque a correspondência errada:
a) Corvéia - imposto em trabalho.
b) Talha - imposto em produtos.
c) Banalidades - imposto em produtos.
d) Vintém - imposto em produtos.
e) Mão-morta - imposto em produtos.
08. (MED. SANTOS) Quanto às relações entre suseranos e vassalos:
a) senhor e servo eram categorias semelhantes a suseranos e vassalos;
b) o servo prestava homenagem ao senhor feudal;
c) o senhor feudal concedia o benefício ao vassalo;
d) as obrigações entre vassalos e suseranos eram recíprocas;
e) o juramento de fidelidade podia ser rompido a qualquer momento.
09. (FUVEST)
"Empunhando Durandal, a cortante,
O rei tirou-a da bainha, enxugou-lhe a lâmina,
Depois cingiu-a em seu sobrinho Rolando
E então o papa a benzeu.
O rei disse-lhe docemente, rindo:
Cinjo-te com ela, desejando
Que Deus te dê coragem e ousadia,
Força, vigor e grande bravura
E grande vitória sobre os infiéis."
(La Chanson d'Aspremont)
A que ritual medieval se refere o texto? Qual o significado desse ritual?
10. (UFRN) Os acontecimentos abaixo constituem as características principais do feudalismo, exceto:
a) Ausência de poder centralizado.
b) As cidades perdem sua função econômica.
c) Instauração da relação vassalagem / suserania.
d) Comércio internacional intenso.
e) Organização do trabalho com base na servidão.
Gabarito: http://www.coladaweb.com/exercicios-resolvidos/exercicios-resolvidos-de-historia/sistema-feudal
Artigo sobre o sistema feudal
1. Introdução
A Alta Idade Média é o período inicial da Idade
Média. Começa no século V e termina no século XI. Caracteriza-se
pela formação do sistema feudal - feudalismo (do século V ao IX) e por sua
cristalização (do século IX ao XI), isto é, quando o feudalismo esteve
plenamente estruturado. Após o século XI, o sistema feudal entrou em crise e
foi substituído pelo sistema capitalista, num processo muito lento que só se
completaria no século XVIII.
2. Origens do sistema feudal
O feudalismo é um sistema caracterizado pela economia de consumo,
trocas naturais, sociedade estática e poder político descentralizado. Os
fatores que explicam o surgimento desse sistema na Europa podem ser divididos
em estruturais e conjunturais.
Os fatores estruturais estão representados pelas instituições
econômicas, sociais, políticas e culturais dosromanos (Império Romano do Ocidente) e dos povos germânicos que
se fixaram dentro do Império a partir do século V.
Os principais elementos romanos que contribuíram para a formação do feudalismo
foram: a economia agrária e auto-suficiente das vilas romanas; as relações de
meação (sendo o colonato a mais importante) existentes no campo durante o Baixo
Império; o distanciamento social entre os proprietários e os trabalhadores
(clientes, colonos e precários); e o poder político-militar localizado. Todos
estes aspectos eram resultado da crise econômica e política do Império Romano.
Os elementos germânicos que entraram na formação do feudalismo foram: a
economia agropastoril; o regime de trocas naturais; a sociedade, em que os
guerreiros se submetiam à autoridade de um chefe militar; e o individualismo
político. Entre os germanos não existia a noção de Estado. Cada chefe possuía
autonomia, de tal forma que só em época de guerra ou perigo os chefes se
submetiam à autoridade suprema de um “rei”.
Assim sendo, surgiu entre os germanos uma instituição chamada Comitatus.
Nessa organização (na verdade um bando armado), as relações entre comandante e
comandados eram diretas e recíprocas, baseadas em juramentos de lealdade e
fidelidade. Tais características iriam ser mantidas nas relações políticas do
feudalismo.
O processo de integração das estruturas românicas e germânicas foi
lento, cobrindo todo o período que vai do século V ao IX. Isto porque a forma de
integração dependia dos fatores conjunturais, relacionados com as invasões que
assolaram a Europa do século V ao IX, semeando a insegurança, dificultando as
comunicações, enfraquecendo o poder político e atomizando a sociedade, de forma
a ter no feudo sua unidade fundamental.
As invasões germânicas (séculos V e VI) visaram inicialmente aos
centros urbanos do Império, a fim de saqueá-los; mas depois tenderam a se fixar
nas regiões favoráveis às atividades agrárias. Com isso, completaram o êxodo
urbano já iniciado no Baixo Império Romano e cortaram as comunicações entre as
unidades rurais e urbanas, enfraquecendo as segundas e forçando as primeiras à
auto-suficiência. O poder político, incapaz de conter as invasões, viu-se na
contingência de transferir as funções de defesa para os proprietários rurais.
Dessa forma, completava-se a descentralização do poder, o qual iria se tornar
localizado.
Em seguida às invasões germânicas, vieram os muçulmanos (século
VIII). Os árabes tinham se unificado politicamente depois da união religiosa
conseguida por Maomé, organizador do islamismo. A religião islâmica,
sintetizada no Corão e na Suna, pregava a guerra santa aos infiéis, justificava
o direito de saquear os infiéis (botim) porque não aceitavam o Deus criador dos
bens materiais. A elevada pressão demográfica na Arábia (havia poligamia), mais
os fatores religiosos e econômicos, explicam a fulminante conquista empreendida
pelos muçulmanos. Conquistaram o Oriente Médio, o Norte da África, a Península
Ibérica, o Sul da França e as ilhas do Mar Tirreno (Córsega, Sardenha e
Sicília). Mas a pirataria muçulmana impedia a navegação de barcos cristãos pelo
Mediterrâneo. Dessa forma, a Europa ficou isolada do Oriente e quase
desapareceram o comércio, as cidades e a própria economia de mercado, com suas
trocas monetárias. Completa-se então, na Europa Meridional, o processo de
ruralização econômica.
Quando os muçulmanos completaram sua tomada de posição no sudoeste da
Europa, o Ocidente europeu começava a sofrer os ataques dos normandos
(vikings), procedentes da Noruega e da Dinamarca. Os normandos eram ligados às
atividades marítimas, pescadores e piratas que, por volta do século IX,
aterrorizaram as Ilhas Britânicas e a França com suas incursões. Não se
restringindo aos ataques no litoral, subiam o curso dos rios e saqueavam as
populações ribeirinhas, pilhando vilas, mosteiros e igrejas, roubando o gado e
escravizando os cristãos. Dado esse duplo caráter, marítimo e fluvial, de suas
operações, não havia na Europa força militar adequada para contê-los. As áreas
mais atingidas foram a Inglaterra e o noroeste da França, onde uma parte dos
normandos veio a se fixar, dando origem à Normandia.
O castelo medieval, representando o principal centro de decisões
políticas do feudalismo, caracteriza perfeitamente o localismo que
definia o sistema.
Na Europa Oriental, ou, mais precisamente, em terras da Rússia e
Ucrânia atuais, os normandos da Suécia (conhecidos como varegues) realizaram
uma penetração de caráter principalmente comercial, pois as populações locais
eram demasiado atrasadas para oferecer boas perspectivas de pilhagem. Seguindo
o curso dos rios que desembocam no Mar Negro, os varegues acabaram
estabelecendo contatos mercantis com Constantinopla, onde trocavam trigo e
produtos da Europa Setentrional por artigos manufaturados.
Ainda no século IX, os magiares (húngaros), procedentes da
Ásia Central, invadiram a Europa, aumentando a insegurança geral. A situação
agravou-se com a chegada dos eslavos, vindos das estepes russas.
No século IX, portanto, definiu-se na Europa um quadro de instabilidade
generalizada, o qual criaria as condições necessárias para a consolidação das
estruturas feudais.
3. O modo de produção do sistema feudal
A economia feudal
A economia feudal era fechada, sem mercados externos; era também
natural, pois as trocas comerciais se realizavam in natura. A produção do feudo
destinava-se ao consumo local, visando à auto-suficiência (economia de
subsistência).
O elemento essencial e definidor do feudalismo eram as obrigações
consuetudinárias (costumeiras) devidas pelos servos a seus senhores, tanto em
produtos como em serviços. Os bens eram possuídos privativamente, mas a terra —
um bem econômico fundamental — poderia ser usufruída por todos (posse
coletiva), quando se tratasse de pastagens.
O regime de trabalho era servil, pois os servos constituíam a
mão-de-obra típica do sistema. Eles estavam presos à terra que cultivavam,
sendo-lhes proibido abandoná-la. Mas, embora privados de liberdade, não
poderiam ser considerados escravos, pois tinham alguns direitos e recebiam
proteção de seus senhores. Em troca, deviam-lhes diversas obrigações, a saber:
A corvéia era o trabalho agrícola realizado pelo servo na
reserva do senhor (também denominada manso senhorial); mas podia igualmente
compreender serviços como a limpeza dos fossos e dos caminhos, a conservação
das instalações do castelo ou ainda atividades artesanais. A talha correspondia
à entrega da metade do que o servo produzia em sua gleba (também chamada de
manso servil), a qual era constituída de faixas cultivadas descontínuas, intercaladas
com as glebas de outros servos. As banalidades também eram obrigações
em produtos, pagas pelo uso de certas instalações pertencentes ao senhor
(lagar, forno e moinho). Havia ainda a mão-morta. paga pelo servo quando
herdava a gleba devido ao falecimento de seu pai. Finalmente, o vintém,
correspondente a um vigésimo da produção do manso servil, destinava-se à
manutenção da igreja paroquial. Deve-se notar que todas essas obrigações eram
fruto dos costumes locais (obrigações consuetudinárias), e por isso variavam de
uma região para outra.
A técnica adotada na agricultura era rudimentar. Somente as terras mais
férteis eram ocupadas. Adotava-se o sistema de três campos (divisão da gleba em
três partes, destinadas sucessivamente à forragem, ao plantio de cereais e ao
pousio), fazendo-se rotação trienal para evitar o esgotamento do solo.
A sociedade feudal
A sociedade feudal pode ser definida como estamental, devido a sua
imobilidade e ao fato de a posição do indivíduo ser determinada pelo
nascimento. Os estamentos básicos eram dois: senhores e servos.
O senhor se caracterizava pela posse legal da terra, pelo poder sobre os servos
e pela conseqüente autoridade política local; esta última incluía o poder
militar, jurídico e religioso (no caso dos senhores eclesiásticos). O servo
correspondia ao pólo social oposto. Era preso à terra e inteiramente
subordinado ao senhor (na medida em que lhe devia obrigações costumeiras); mas
tinha a posse útil da terra e o direito à proteção senhorial.
Afora essas situações sociais básicas, poder-se-iam mencionar algumas
outras. Os escravos eram em número reduzido e viriam a desaparecer,
fosse porque se destinavam aos afazeres domésticos (função pouco relevante em
uma população rarefeita), fosse por causa da proibição eclesiástica de se
escravizarem cristãos. Os vilões eram homens livres que trabalhavam
no feudo mediante arrendamento, mas conservavam o direito de ir embora, se o
desejassem descendiam de pequenos proprietários que haviam entregado sua terra
ao senhor, em troca de proteção. Devem ainda ser citados os ministeriais,
agentes do senhor feudal encangados de manter a ordem no feudo e de cobrar as
obrigações devidas pelos servos; em certas regiões, eles eram chamados de
bailios; em outras, de senescais.
Os ministeriais representavam uma situação de permeabilidade social
porque podiam ingressar na pequena nobreza, se o senhor lhes concedesse em
benefício uma determinada área, como reconhecimento pelos serviços prestados.
As instituições
políticas
Politicamente, o sistema feudal embasava-se nas relações de suserania e vassalagem.
Suserano era o rei ou nobre que, em troca de determinados compromissos,
concedia a outro nobre um benefício — geralmente um feudo, correspondente a uma
extensão de terra com tamanho variável.
Foi a insegurança do período que levou reis e nobres a estabelecer
relações diretas entre si, visando à proteção recíproca. Como os nobres
pertenciam a unia aristocracia guerreira de ascendência germânica, era
importante poder contar com seu apoio.
Os grandes senhores procuravam ligar-se a outros senhores menores, com
o objetivo de contar com o maior apoio militar possível. Para isso, existia
a subenfeudação, em que um senhor concedia parte de seu feudo em beneficio
a outro nobre. Isso fazia com que os senhores feudais pudessem ser,
simultaneamente, vassalos de um senhor e suseranos de outros.
Oficialmente, a autoridade política máxima era o rei, por ser o
suserano dos grandes senhores e não prestar vassalagem a ninguém. Na realidade,
porém, o poder se fragmentava entre os senhores feudais, caracterizando uma
estrutura política descentralizada ou, mais corretamente, localizada.
Os senhores feudais não constituíam um grupo social uniforme. Devido à
existência da subenfeudação, formavam ima hierarquia que começava no rei e se
ramificava até alcançar o mais modesto dos cavaleiros. É portanto possível
classificá-los em alta nobreza (aqueles que prestavam vassalagem
diretamente ao rei) e pequena nobreza (aqueles que eram vassalos de
outros senhores). Tais relações se estabeleciam pelacerimônia de investidura, a
qual compreendia três partes: a homenagem, em que o vassalo reconhecia a
superioridade do suserano; a investidura propriamente dita, quando o
suserano concedia ao vassalo a posse do feudo; e o juramento de fidelidade prestado
pelo vassalo, o qual recebia, em contrapartida, a promessa de proteção por
parte do suserano.
As relações diretas entre suseranos e vassalos refletem a influência
germânica no mundo medieval. Na imagem podemos observar a homenagem de um
vassalo a seu suserano.
Eram obrigações do vassalo para com seu suserano: prestar auxílio
militar, se convocado; hospedar o suserano e sua comitiva, quando de passagem
pelo feudo; participar do tribunal dos Iguais, presidido pelo suserano, para
julgar um senhor acusado de algum crime; e ainda contribuir para o dote das
filhas e para a cerimônia em que os filhos do suserano feriam armados
cavaleiros. Reciprocamente, o suserano tinha obrigações para com seu vassalo:
proporcionar-lhe proteção militar; garanti-lo na posse do feudo dado em
beneficio; se o vassalo fosse acusado de um crime, assegurar-lhe o direito de
ser julgado por um tribunal de senhores; exercer a tutoria dos herdeiros
menores e proteger a viúva do vassalo falecido.
4. As instituições religiosas do sistema feudal
Durante grande parte da Idade Média, a Igreja constituiu a única força
realmente organizada dentro da Europa. Tendo plena consciência de sua
importância, ela exerceu uma extraordinária influência ao longo do período. Era
a Igreja, por exemplo, que teorizava sobre as relações sociais do feudalismo,
calcadas em uma rígida hierarquia, atribuindo-as à determinação divina. Segundo
essa interpretação, Deus dividiu a sociedade feudal em três categorias: os que
lutam (a nobreza senhorial), o que rezam (o clero) e os que trabalham (servos e
vilões).
A partir do século IX, o clero foi expressamente proibido de praticar a
usura; para os leigos, a proibição veio no século XI. Usura, especificamente,
era o comércio do dinheiro, ou seja, a cobrança de juros. Mas a Igreja também
condenava o lucro como pecaminoso, defendendo a prática do justo preço (o
comerciante deveria cobrar por uma mercadoria apenas o custo da mesma,
acrescido do necessário para sua própria manutenção).
A posição da Igreja ia ao encontro das necessidades sociais do
feudalismo, posto que, numa economia de subsistência, com freqüentes problemas
de escassez, preços altos seriam considerados imorais. Além disso, a economia
feudal era quase desmonetizada. Assim, se alguém necessitasse urgentemente de
dinheiro, seria por um motivo multo grave; portanto, cometeria um grande pecado
quem quisesse aproveitar-se da aflição de alguém para cobrar juros.
Esses ideais foram acatados durante o período de cristalização do
feudalismo, entre os séculos IX e XI. Entretanto, tão logo começou o Renascimento Comercial e Urbano (séculos Xll-XIV), os lucros e a
cobrança de juros voltaram a ser praticados. Não obstante, a postura oficial da
Igreja continuou a ser a defesa do ‘justo preço” e a condenação da usura.
O clero monopolizava a cultura e o ensino do sistema feudal. Os nobres
recebiam quase sempre uma educação apenas elementar, ministrada nas escolas
paroquiais ou nos mosteiros. A base do conhecimento estava na Bíblia (principalmente
no Novo Testamento) e os livros pagãos eram proibidos. Depois do século XI, as
universidades começaram a organizar um currículo básico, denominado Escola de
Artes, que compreendia dois graus: o Trivium (Gramática, Dialética e Retórica)
e o Quadrivium (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música). Vinham depois os
estudos superiores, na maioria das vezes dedicados à Teologia (baseada no
pensamento de Santo Agostinho). Mas houve universidades que implantaram também
cursos de Leis ou de Medicina.
Império Carolíngio
Parte I
Parte II
Como funcionam os castelos
A idéia da Idade Média nos remete à
cavaleiros, lordes e damas, combates com lanças e cavalos e batalhas sangrentas
- tudo isso, provavelmente, acontecendo dentro ou nas cercanias de um castelo.
Os castelos foram importantes pontos estratégicos para conquistas e defesas de
territórios nos tempos medievais. Os projetos e a construção dessas fortalezas
variaram muito, e várias delas sobrevivem atualmente.
O dicionário Merriam-Webster
Collegiate define um castelo como um "grupo de
edificações fortificadas". Mas uma definição mais prática é a que um
castelo era a fortificação da Alta Idade Média (entre os séculos 5 e 15)
equipada com paredes altas, torres e um fosso. A palavra castelovem
do latim castellum, que significa lugar fortificado. A
língua francesa popularizou o termocastelo na Idade Média.
Castelos &
Palácios
Castelos e palácios eram residências
majestosas para nobres e reis, mas apenas castelos tinham muros altos, torres e
fossos. Embora os palácios fossem grandes residências e pudessem ter muros ao
seu redor, não tinham muros altos de proteção e não eram projetados para
finalidades militares.
Os castelos serviam para um objetivo militar
principal - guardavam exércitos e atuavam como um quartel que controlava um
determinado território. Vários castelos eram parte de cidades fortificadas e
protegiam os vilarejos ao redor em épocas de guerra e ataques. À medida que o
tempo passou, os castelos também se tornaram residências para lordes e reis. Na
transição da Idade Média para a Idade Moderna, os castelos perderam suas
funções militares e passaram a funcionar como residências para a nobreza ou
foram abandonados.
História dos
castelos
Os castelos tiveram origem em cidades
cercadas por muros como Tróia, Babilônia, Jericó e Micenas. Essas cidades tinham
muros de pedras densos e altos com portões que limitavam o tráfego de pessoas.
Os soldados ficavam em guarda nos portões e sobre os muros para defender o
castelo dos ataques.
O
primeiro tipo de castelo era um forte cercado chamado grod. Um "grod"
era formado por paredes de madeira e argila (plataformas), uma ou mais pontes
fortificadas e um fosso ao redor de toda a construção. Um segundo tipo de
castelo antigo foi construído a partir de torres altas e arrendondadas que o
romanos construíram por todas as suas fronteiras. A torre, chamada bergfried (a
parte mais forte) era feita de madeira (e pedra, a partir do século 13). As
"bergfrieds", encontradas em toda a Alemanha, foram as anteces- soras
das altas torres dos castelos da Baixa Idade Média. O terceiro tipo de castelo
foi o do motte e bailey. Eles eram formados por uma colina de terra (motte) e
tinham na parte central um amplo pátio (bailey) cercados por um muro de madeira
e por um portão. Na parte superior do motte havia uma torre de madeira chamada
torre de menagem. Um castelo "motte e bailey" tinha as
caracterísitcas do "grod" e do "berfried". Tornou-se
popular durante o reinado de Carlos Magno na França (800 d.C.) e foi muito
utilizado por William, o Conquistador, depois da tomada da Inglaterra pelos
normandos em 1066. Um castelo "motte e bailey" poderia ser construído
em poucas semanas ou meses.
Essas primeiras fortificações foram a base
para o desenvolvimento dos castelos medievais. As paredes de madeira foram
substituídas pelas de pedra e de tijolos. Os muros de pedra eram mais fortes e
poderiam ser muito mais altos.
Em alguns castelos, eram colocadas paredes
internas, formando um anel concêntrico e protegendo ainda mais a construção. O
pátio interno ficou maior e foi dividido em pátios separados. A torre de
menagem (donjon) ficou maior e passou a ser feita de pedra - e seu nome mudou
para fortaleza. Outras construções foram acrescentadas aos pátios - como
grandes salões, palácios, capelas, residência para os cavaleiros e locais de
trabalho para os artesões. Várias torres amplas e altas foram construídas
dentro do castelo. Algumas foram incorporadas aos muros externos, enquanto
outras tornaram-se estruturas separadas dentro dos pátios.
Características
do castelo
Os castelos serviram principalmente como
acomodação para as milícias da época, tornando-se depois residência para os
nobres, em suma, projetados para defesa. As construções dos castelos medievais
incorporaram projetos das primeiras fortificações e melhoraram com o passar do
tempo. Os projetos foram também modificados para acompanhar as melhorias da
tecnologia local. Os castelos deveriam suprir as necessidades de moradia (como
higiene, saneamento, água limpa e cozinhas), fundamentais para quando o castelo
estivesse sob ataque. Acompanhe
os principais elementos de composição de um castelo:
Defesas externas
Fosso
Muros (internos e externos)
Torres (internas e externas)
Cabine do portão, ponte elevadiça e barbacãs
Defesas externas
Baileys ou pátios
Espaços habitacionais e construções de apoio
Fortalezas ou torres de menagem (donjons)
Grandes salões
Capelas
Estábulos
Poços
Oficinas de trabalho
Defesas
externas
O fosso - um grande dique ou trincheira ao
redor do muro externo do castelo - era a primeira linha de defesa. Ele poderia
ser cheio de água ou seco (um fosso seco poderia ser forrado com estacas
pontiagudas de madeira). Normalmente, havia uma ponte elevadiça que permanecia
erguida quando o castelo estivesse sendo atacado. Vários fossos eram também
locais para depósito de lixo e detritos. A existência de um fosso dependia do
terreno - nem todos os castelos tinham fossos. Alguns eram construídos no alto
de uma rocha e não precisavam deles. Os castelos de Edinburgo e de Stirling na
Escócia, por exemplo, estão no alto de uma encosta rochosa. Vários castelos
alemães ao longo do Rio Reno foram construídos nas áreas montanhosas do vale.
O muro de
proteção externo era alto, largo e feito de pedra ou tijolos. Os muros poderiam
medir entre seis e dez metros de altura e de 1,5 a 8 metros de espessura. Em
vários castelos, a espessura do muro variava de acordo com a região mais
vulnerável.Os muros de proteção eram formados por dois muros.
Os construtores quebravam e encaixavam as
pedras ou tijolos em cada muro e cimentavam tudo com argamassa de calcário. Os
espaços entre os muros eram preenchidos com fragmentos de pedra, pequenos
pedregulhos e porções de argamassa.
À medida que a parede ficava mais alta, eram
colocados cadafalsos de madeira ou plataformas de trabalho sendo possível
finalizar a construção trazendo materiais por rampas ou utilizando
"guindastes" movidos por homens ou animais. Quando essa parte do muro
era finalizada, a plataforma era destruída, entretanto o vão onde estavam os
apoios dela permanecia.
Alguns castelos tinham um muro externo muito
mais alto chamado parede-escudo. Essa parede era normalmente colocada na parte
do castelo que poderia ser especialmente vulnerável às armas de ataque como
catapultas, trabucos e torres de cerco. Ela também servia de proteção contra
ataques de objetos que eram lançados sobre os muros e atravessavam a defesa. A
maioria dos muros externos tinham muralhas na parte superior do castelo como:
blocos retangulares alternados com aberturas na parte superior do muro ou da
torre.
Os soldados ficavam atrás dos blocos e
atiravam através das aberturas. Alguns muros tinham passarelas construídas na
pedra, enquanto existiam também passarelas de madeira dentro do muro, onde os
soldados podiam ficar em guarda e fazer defesa durante a batalha.
As matacões eram um beiral
suspenso em madeira localizado na parte superior do muro. Os franceses mais
tarde usaram matacões de pedra chamados machicoulis. Eles tinham
buracos no assoalho através dos quais atiravam-se flechas ou se derramavam
vários objetos (pedras, alcatrão quente, água fervendo, óleo quente) sobre os
inimigos. Os breteches eram pequenas salas suspensas dos
castelos franceses, semelhantes às matacões, que sobressaiam dos muros. Feitos
de pedras, os brèteches tinham janelas ou aberturas para
lançar flechas, além de uma abertura no chão. Quando sua formação ascendia à
parte superior do muro, era chamado de guarita. Ainda, havia uma abertura para
flechas, como uma fenda ou orifício estreito nos muros e matacões através da
qual os arqueiros e besteiros lançam flechas. Várias aberturas são largas numa
extremidade e vão afunilando à medida que se segue para a parte externa do
muro, sendo que este desenho proporciona uma perspectiva mais ampla de visão.
Os embrasures eram umaabertura no formato redondo anexada à
abetura para flexas construída no próprio muro ou na parede da torre e
proporciona ao arqueiro um campo maior de visão.
Defesas do
castelo
As torres, essas estruturas altas, no
formato redondo ou quadrado foram construídas seguindo a altura do muros ou nas
suas extremidades. Normalmente, são mais altas do que os muros e são
construídas da mesma forma. Torres arredondadas em sobressalentes ao muro ou
nas extremidades dão uma visão melhor para defesa. Os muros têm fendas para as
flechas, e a parte superior pode ter matacões, ou ser aberta como ameia ou
ainda possuir uma cobertura.
Dentro
das torres, as escadas eram geralmente circulares (no sentido horário ao
subir), estreitas e feitas de madeira ou pedra. O sentido horário era uma forma
de defesa, pois os soldados eram destros (pessoas canhotas eram consideradas do
mal, portanto elas aprendiam a lutar com a mão direita). Subindo as escadas, os
defensores tinham como manejar a espada, entretanto quem atacava ao descer não
poderia fazer isso facilmente.
As cabines da ponte ficavam dentro do muro e
estavam ligadas à ponte sobre o fosso, mas eram mais que apenas portas de
entradas. As pontes eram normalmente longos túneis com torres com abertura para
flechas em cada lado da entrada.
A abertura externa do túnel da cabine era
fechado por um portão de madeira ou ferro raspado chamado portcullis. Os
soldados podiam levantar o portcullis com um guincho e baixá-lo enquanto
estivessem sendo atacados, dessa forma podiam lançar flechas através das
aberturas.
Na parte superior do túnel da cabine do
portão havia aberturas chamadas matacões através das quais a defesa podia
lançar objetos e derramar líquido quente. Nas laterais do túnel havia também
aberturas para flechas. Finalmente, as cabines do portão tinham uma porta
pesada de madeira na abertura interna, através da qual os soldados podiam
fechá-la e trancá-la com braçadeiras.
Esse mecanismo retrátil da ponte ficava
normalmente dentro da cabine. Algumas pontes elevadiças subiam e desciam com um
guincho, e algumas tinham um fulcro central que fazia com que ficassem na
perpendicular a ponto de formar uma parede. Outras pontes elevadiças podem se
estender de modo que ficam paralelas ao fosso e não se conectam com o outro
lado. Algumas pontes têm uma estrutura fortificada adicional na parte da frente
ou em suas laterais chamadas barbacãs. A barbacã era feita de pedra e tinha
torres com abertura para flechas e ameias.
Os muros internos e as torres eram
construídos como a parte externa. Tinham várias das mesmas características
(abertura para flechas, matacões, ameias) e os mesmos propósitos. Os muros
internos também dividiam os baileys ou pátios em diferentes partes. Em alguns
castelos, as torres internas eram estruturas separadas.
Do ponto de vista militar, o
"bailey" ou pátio era um espaço aberto. Qualquer soldado invasor que
atravessasse o portão e entrasse no pátio poderia ser exposto ao ataque de
flechas vindas das torres e dos muros externos e internos. O pátio também
servia como um mercado para festivais e feiras, um local para treinar soldados
e domar cavalos, bem como uma área para torneios. Nos torneios, os cavaleiros
combatiam com espadas e escudos e lutavam em arenas chamadas justas (os
combates são chamados também de justa medieval). Na Baixa idade Média, os
pátios tinham jardins e fontes. Alguns castelos não tinhas muros internos, e
com isso os pátios também continham as torres, a torre de menagem ou fortaleza
(residência principal) e construções auxiliares (grande salão, capela, quartos
para os cavaleiros e servos, cozinhas e oficinas de trabalho).
Dentro de um
castelo
A fortaleza e as construções auxiliares que
formam o castelo variam de uma fortificação para outra. Às vezes, as
construções (como a capela, o grande salão e as cozinhas) eram encontradas
dentro da torre principal, outras vezes não.
A torre principal era a residência principal
do governante. Era feita de pedra e poderia ter o formato quadrado ou redondo.
As torres principais poderiam estar integradas ao muro ou à parte e tinham
várias funções. Os apartamentos residenciais continham camas e mobília. Eram
normalmente aquecidos por lareiras e a luz vinha através das janelas.
O grande
salão podia estar na torre principal ou em uma construção separada. Nos
primeiros castelos, como o descrito no poema épico "Beowulf", os
grandes salões eram usados para refeições e para dormir. Mais tarde, foram
usados para divertir e reunir a corte. Normalmente tinham o pé direito alto e
grande lareiras. O chão era geralmente de pedra ou de terra batida. A despensa
de comida, bebidas e ouro era localizada nos andares inferiores da torre de
menagem. A parte relacionada à defesa do castelo (abertura para flechas,
depósito de armas, ameias) ficava nos andares superiores.
Os prisioneiros eram mantidos na masmorra.
As masmorras ficavam nas partes superiores da torre de menagem, porque era mais
difícil escapar, porém depois foram transferidas para os andares inferiores.
A religião era importante na vida cotidiana
da Idade Média. As pessoas iam à igreja todos os dias, normalmente na missa
matinal. A maioria dos castelos tinha suas próprias capelas e padres, fossem do
próprio castelo ou visitantes. As capelas poderiam ser salas simples da torre
principal ou requintadas construções à parte. Os cavalos eram essenciais na
vida medieval. Os cavaleiros montavam neles durante a batalha. Os animais
empurravam carroças. Eles eram o meio de transporte da época. Logo, eles precisavam
de uma garagem - ou estábulos, que ficavam no pátio.
Por causa da ameaça do fogo, as cozinhas nos
primeiros castelos ficavam separadas da torre de menagem em locais preparados
para elas. Como as construções em tijolo tornaram-se mais comuns, os projetistas
mudaram as cozinhas para dentro da torre.
Os poços e cisternas armazenavam água para o
castelo. Normalmente, a facilidade de ter água era um fator primordial para o
castelo resistir ou não a um ataque. Os poços ficavam dentro da torre principal
ou no pátio. As cisternas eram reservatórios de água da chuva que escorria do
telhado. Alguns castelos tinham um encanamento rudimentar que canalizavam a
água das cisternas para as pias.
Os castelos precisavam de vários artesões,
incluindo carpinteiros, ferradores e serralheiros para a manutenção das
construções e dos pátios. As oficinas de trabalho deles eram locais separados
dentro do pátio.
Mas, oque acontecia quando as necessidades
fisiológicas decidiam se manifestar enquanto os soldados estavam defendendo o castelo
durante um ataque? Havia várias opções: os toaletes eram apenas buracos nas
torres. As fezes caíam - no pátio, do lado de fora do muro externo, no fosso ou
nas latrinas dentro da torre; o "garderobe" (ou "gardrobe")
era um quarto que era projetado externamente sobre o muro. Um buraco no chão
permitia que os dejetos caíssem; alguns castelos tinham torres sanitárias
dentro ou fora dos muros. As fezes caíam numa latrina.
A construção
do castelo
A construção de um castelo era um
empreendimento caro: o rei Eduardo I quase quebrou as finanças reais gastando
cerca de 100 mil libras em seu castelo no País de Gales. Três mil trabalhadores
foram contratados (carpinteiros, artífices, escavadores, mineradores e
serralheiros) sob a orientação de um mestre de obras (o mestre James of St.
George construiu os castelos do País de Gales, do Rei Eduardo I). Os castelos
normalmente levavam 10 anos para serem concluídos.
Como experiência para o estudo de arqueologia,
Michel Guyot e Maryline Martin reuniram um grupo de 50 trabalhadores
(arquitetos, arqueólogos e especialistas) para construir uma réplica de castelo
medieval utilizando técnicas e materiais utilizados na idade Média. O projeto,
desenvolvido na cidade de Treigny, na Borgonha, região da França chama-se
Projeto Gueledon. O projeto é baseado na arquitetura de um castelo do século 12
- tem fosso, muros de proteção, torres em cada canto do castelo e uma grande
torre principal. A construção começou em 1997, e a expectativa é de durar uns
25 anos. Após o investimento inicial, o custo do projeto vai ser pago com
dinheiro do turismo. Em 2006, o local recebeu mais de 245 mil visitantes, e o
projeto arrecadou cerca de US$ 2,6 milhões.
O
material da construção é de pedra, argila e madeira de carvalho, encontrada nas
redondezas. Os trabalhadores usam técnicas tradicionais que remontam o século
13. Para separar as pedras para os muros, os mineradores "lêem" os
traços das pedras a fim de enxergar as linhas aonde elas quebram. Eles fazem
buracos na pedra e inserem quinas nesses mesmos buracos, o que faz com que as
ondas sejam quebradas nas pedras.
Os trabalhadores utilizam vagões puxados a
cavalo para trazerem as pedras das minas para o local da construção. Os
artífices esculpem a pedra bruta em blocos. Os trabalhadores usam guindastes
movidos pela força humana para elevar as pedras lapidadas para o cadafalso dos
muros.
Outros trabalhadores fazem argamassa
misturada ao cal, argila e água. Os artífices encaixam as pedras e usam a
argamassa para unir os blocos. Os trabalhadores também utilizam ferramentas
tradicionais para medir e encaixar as peças do castelo.
Por exemplo, os artesãos usam uma corda
comprida com nós a cada metro para medir as vigas de madeira e encaixar as peças.
Eles também utilizam esquadros de madeira e compasso para medir. Utilizam um
triângulo de madeira com linha e prumo para medir quando estão colocando as
pedras.
À medida que aumenta a altura do castelo,
novos cadafalsos devem ser colocados e os antigos removidos, deixando assim
buracos nos muros. Em 2007, um terço do Castelo Guedelon estava pronto. Uma vez
terminado, está pronto para defesa.
Cercos
medievais
O exército invasor cercava o castelo e
cortava o abastecimento de comida e água na esperança de matar de fome o
inimigo. Na tentativa de disseminar doenças, os invasores poderiam usar suas
catapultas para lançar sobre os muros dos castelos corpos humanos ou animais
mortos ou doentes. Lançavam também projéteis incandescentes para causar prejuízos
dentro do castelo. Esse método para cercar era o mais utilizado porque o
exército invasor poderia negociar a rendição do castelo por muito pouco. Mas
isso levava meses de trabalho, e o exército invasor deveria estar muito bem
suprido com alimento e água para agüentar a duração do ataque.
Se tinham tempo de preparo, a defesa poderia
extender a duração do cerco. Normalmente, traziam suprimentos e pessoas das
redondezas para dentro do castelo. A maioria dos castelos tinha os próprios
suprimentos de água para essa situação. Além disso, a defesa poderia queimar os
arredores do castelo, dessa forma o exército invasor não teria onde guardar
seus suprimentos. Normalmente, o resultado do ataque dependia se exército
invasor ou a defesa recebiam reforços antes.
Os invasores poderiam preparar enormes
escadas apoiadas sobre o muro de proteção externo. Os soldados invasores
poderiam subir as escadas para conseguir acesso ao castelo. Entretanto, ficavam
vulneráveis às flechas de fogo e objetos jogados das ameias. A defesa poderia
também empurrar as escadas para trás.
Como alternativa, os invasores construíam
torres de madeira para o ataque e as enchiam de soldados. Outros empurravam as
torres para a base do muro de proteção. Os soldados no alto da torre baixavam
uma rampa, atravessavam as améias e esperavam acabar com a defesa. As torres de
ataque davam cobertura para os soldados invasores, contudo eram grandes e
pesadas. Os invasores estavam vulneráveis ao atravessar a rampa. Além do mais,
a defesa poderia tocar fogo nas torres com flechas incandescentes.
Se um exército invasor derrubava os portões,
poderia entrar no castelo muito facilmente. Usavam aríete (toras de madeira)
para bater no portão (ou às vezes nos muros) e derrubá-lo. Alguns aríetes eram
cobertos para proteger os soldados invasores das flechas incandescentes e dos
objetos que eram jogados. Às vezes, os portões de madeira de castelo eram
incendiados para fragilizá-los.
Para se defender contra os aríetes, flechas
incandescentes eram lançadas (às vezes com fogo nas pontas). Normalmente, muros
de madeira ou até mesmo "revestidos" por material almofadado poderiam
ser baixados para atenuar o impacto dos aríetes. Finalmente, poderiam trancar
as entradas ou pontes do castelo para resistir à força dos choques. E, como foi
mencionado, os portões do castelo tinham matacões e abertura para flechas para
afastar os invasores que atravessassem as entradas.
Se um exército invasor podia criar uma fenda
num muro, também podia adentrar o castelo por intermédio de um local sem defesas.
Os invasores derrubavam os muros com aríetes e lançavam pesados e
incandescentes projéteis de pedra contra e sobre os muros. Usavam catapultas,
trabucos (armas pontiagudas pesadas), e balistas (grandes bestas).
Uma outra maneira de derrubar os muros dos
castelos era miná-los. O exército invasor cavava túneis sob os muros e inseria
suportes de madeira. Uma vez que cavavam o túnel profundo o bastante até chegar
no outro lado, incendiavam-no. Os suportes de madeira seriam destruídos, e o
muro sobre o túnel desabaria. Mas a defesa poderia cavar sob os túneis do
exército invasor antes que chegassem ao muro. O cerco ao castelo poderia ser
dessas três maneiras. O processo era caro, cansativo e longo, mas necessário
para controlar o castelo e seu território.
O declínio dos
castelos
Após o século 16, os castelos entraram em
decadência como forma de defesa, principalmente devido à invenção e ao
desenvolvimento de pesados canhões e morteiros. A artilharia poderia lançar
pesadas bolas de canhões com tanta força que nem muros muito fortes agüentavam.
Geralmente, o castelo medieval abria caminho
para cidades fortificadas (quase como um reverso da história) e fortes (como os
da época colonial na América do Norte). Ao invés de grandes muros de tijolos ou
de pedra, esses fortes tinham amplas plataformas argilosas com estacas de
madeira ou pedra no alto. A idéia era que camadas grossas de pó absorveriam o
impacto do canhão de fogo. Também essas fortificações eram mais fáceis e mais
rápidas de construir do que os castelos. Durante a Revolução Americana nas
Batalhas de Bunker Hill e Dorchester em Boston, o exército norte-americano
organizaram suas posições na véspera.
Os castelos
hoje
Em seus
dias de glória, os castelos eram encontrados em toda a Europa e Oriente Médio.
A maioria estava na Europa - cerca de 10 mil só na Alemanha. Embora as
inovações da tecnologia militar e o custo alto da construção tenham levado a
era dos castelos ao seu fim, alguns foram tão bem construídos que sobrevivem
até hoje. Outros são apenas ruínas, enquanto vários foram restaurados. Os
castelos "sobreviventes" são utilizados para vários objetivos.
Alguns como o Castelo de Windsor, foram
restaurados durante os séculos 18 e 19 e servem de residências para famílias
ricas ou nobres. Locais históricos e museus, como a Torre de Londres, o castelo
de Warwich e Bodiam na Inglaterra, servem como locais para informar e entreter
o público sobre a Idade Média. Alguns castelos foram convertidos em hotéis,
como o castelo Thornbury na Inglaterra e o La Rocca di Monteggiori na Itália.
Vários magnatas da indústria no século 20
construíram casas que foram projetadas como castelos. Embora essas casas sejam
mais parecidas com palácios do que com castelos de fato, elas são magníficas em
termos de arquitetura e são visitadas por vários turistas todos os anos. O
editor William Randolph Hearst construiu o Hearst Castle na Califórnia. O
magnata do setor hoteleiro George Boldt construiu o Boldt Castle sobre o Rio
São Lourenço, no Estado de Nova York.
O industrial de Toronto Sir Henry Mill Pallatt construiu a Casa Loma, em Ontário.
O industrial de Toronto Sir Henry Mill Pallatt construiu a Casa Loma, em Ontário.
Castelo de
Himeji
Embora a maioria dos castelos tenha sido
contruída na Europa, existiram vários castelos japoneses. Um exemplo é o
Castelo de Himeji, próximo a Kobe, Japão. Sua construção começou por volta de
1300 e continuou sob o governo de outros imperadores. O castelo era de madeira,
diferente da maioria dos castelos europeus, mas havia uma torre central, muros
e pátios. A entrada para o pátio tinha matacões e aberturas para flechas. A
entrada do castelo é um labirinto que segue trilhas circulares com becos sem
saída que foram planejados para confundir o exército invasor.
Documentário sobre a idade média
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