Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarves
Após Napoleão
I declarar guerra aos países aliados da Inglaterra,
ele invadiu Portugal, que se recusou a atender as imposições francesas dito
o desrespeito ao bloqueio continental,antes do momento que
decretava a não-relação comercial entre os países da Europa com a Inglaterra.
Por este motivo, a coroa britânica financiou a ida da Família Real Portuguesa
para o Rio de Janeiro, no ano de 1808. Após alguns anos
de vivência nos bastidores da capital colonial, D. João VI elevou-se a rei do país. Assim,
foi fundado, a 16 de dezembro de 1815 o Reino Unido
de Portugal, Brasil e Algarves. Rio de Janeiro foi nomeada capital do Reino Unido.
Sob este novo status político,
o Brasil gozou de algumas condições não vistas antes, como a instalação de
algumas pequenas indústrias no Rio de Janeiro e o comércio com outros países,
fora Portugal - principalmente a Inglaterra. A Inglaterra, aliás, teve grandes
benefícios com a mudança política, pois não precisaria esperar as mercadorias
brasileiras (matérias-primas, ouro, minérios) passarem primeiro por Portugal.
E, depois, por ter ajudado a coroa portuguesa, os ingleses tinham tarifas
preferenciais de importação de produtos brasileiros com a assinatura do Tratado
do Comércio e Navegação (1810) e o Tratado da Aliança e Amizade (1810), pagavam
15% de impostos, os portugueses pagavam 16%, e o resto dos países europeus 24%
de imposto.
Revolução
do Porto e o "Fico"
Porém, problemas surgiram
em 1820, quando
a população portuguesa exigiu o retorno de D. João VI à Lisboa, pois
Napoleão já havia sido deposto na França. A Revolução do Porto estourou em 24 de
agosto do mesmo ano, inicialmente na cidade de Porto e, em
seguida, para o resto das metrópoles portuguesas. Apesar de conseguir adiar por
alguns meses da hora a insatisfação dos portugueses, D. João VI se viu obrigado
a voltar à Lisboa no ano de1822. Seu filho, Pedro
de Bourbon e Bragança, se negou a ir a Portugal, ficando no Brasil "Se
é para o bem de todos e felicidade geral da nação, está declarado: diga ao povo
que eu fico".
A D. João VI foi obrigada a realização do juramento à Constituição e a
reinstauração da situação de colônia para o Brasil. O povo brasileiro,
de todas as classes sociais, foi contra a perda da situação a que o Brasil
ascendeu, ao conseguirem cerca de 9000 assinaturas convenceram D. Pedro I a
proclamar a Independência do Brasil no dia
de 7 de setembro de 1822.
Primeiro reinado do Brasil
Guerras
de independência
D. Pedro, agora Imperador
Pedro I do Brasil, buscou retirar possíveis focos de resistência portuguesa
dentro do território brasileiro. Encontrou ferrenha oposição nas províncias de Maranhão, Bahia , Pará e Piauí sem
contar tropas portuguesas que ainda estavam instaladas no Rio de Janeiro e em
outras cidades brasileiras. Assim, D. Pedro I contratou alguns militares
europeus, a maioria ingleses e franceses. Comandados pelo marechal
britânico Thomas Cochrane, os soldados brasileiros e
mercenários contratados conseguiram retirar a resistência. Thomas Cochrane
chegou a dissipar a resistência maranhense com apenas um navio de guerra.
Aclamado primeiro
imperador do país em 12 de outubro de 1822, D. Pedro I
enfrentou a resistência de tropas portuguesas. Ao vencê-las, em meados de 1823,
consolidou sua liderança. Seu primeiro grande ato político foi a convocação da
Assembleia Constituinte, eleita no início de 1823. Foi também seu primeiro
fracasso: dada a uma forte divergência entre os deputados e o soberano, que
exigia poder pessoal superior ao do Poder Legislativo e ao do Poder Judiciário,
a Assembleia foi dissolvida em novembro.
Estrutura
Político-eleitoral no Império
Na Constituição de 1824 foram definidas as
primeiras regras do sistema eleitoral brasileiro. Foi criada a Assembleia
Geral, órgão máximo do poder
Legislativo nacional, composta pelo Senado e
pela Câmara dos Deputados, cujos
integrantes eram escolhidos pelo voto dos cidadãos.
As eleições no império,
antes da reforma de 1881, eram indiretas, isto é, o pleito se dava em dois
graus. No primeiro grau, exercido pelos eleitores de paróquia, votavam os
cidadãos de, no mínimo, 25 anos de idade e 100 mil réis de renda anual, e eram
escolhidos os eleitores de segundo grau. Esses, também conhecidos como
eleitores de província, elegiam os deputados. Os senadores eram eleitos pelo
imperador.
O voto não era obrigatório
para os cidadãos, mas censitário. Isto é, o eleitor de primeiro grau era
definido de acordo com suas posses econômicas, deveria possuir renda anual
mínima de 100 mil réis. Os trabalhadores assalariados
em geral, os soldados, as mulheres, os índios e os menores de 25 anos eram
excluídos da vida política nacional. Por isso, as eleições brasileiras tinham
uma tendência concentradora, e o sufrágio ativo era um direito limitado a
poucos cidadãos, por causa da eleição censitária, que restringia o eleitorado
aos cidadãos mais ricos. E, no final do império, por exemplo, apenas 1,5% da
população brasileira tinha direito ao voto. Tal tendência concentradora
acontecia tanto nas eleições federais como nas municipais.
Outra importante característica
do sistema eleitoral brasileiro durante o império foi a proximidade entre o
estado e a religião, o chamado padroado. AIgreja
Católica, declarada religião oficial do Brasil, tinha elevada influência
sobre as relações políticas nacionais. Tal influência se refletia na exigência
legal, por parte dos candidatos a cargos políticos, de seguir o catolicismo,
assim como na realização das eleições dentro das igrejas. Além disso, uma boa
porcentagem dos políticos eleitos no Brasil nessa época era de origem
sacerdotal, uma vez que eram os padres que faziam o recrutamento dos eleitores
e a organização do pleito era realizada por padres. Os clérigos receberiam
renda do Império, equiparando-se a funcionários públicos. Todas as decisões
tomadas pela Igreja deveriam passar pelo crivo do Imperador.
Declínio e fim do primeiro
reinado
Confederação
do Equador e Guerra Cisplatina
As forças políticas das
províncias do Nordeste, lideradas por Pernambuco,
se rebelaram contra a Constituição, pois dava muitos poderes ao soberano.
Pregavam uma república livre da coroa, com capital Recife, que se
chamaria Confederação do Equador. O movimento foi reprimido com extrema
violência pelas tropas imperiais, demonstrando um governo absolutista. Apesar
da Constituição de 1824 determinar que o regime vigente fosse liberal, D. Pedro
I impunha sua vontade com firmeza, gerando um crescente conflito com os
liberais que começaram a identificá-lo como um governante ditatorial e
autoritário.
Um dos mais graves
problemas do primeiro reinado foi a Guerra da Cisplatina,
quando uruguaios apoiados pelo governo argentino ocuparam toda a Província
Cisplatina e um governo provisório uruguaio decidiu a incorporação da
Cisplatina à República das Províncias Unidas do Rio da Prata.
Em 1825, na Guerra da
Cisplatina, saiu o Brasil derrotado, e, em 1828 houve a perda da Província
Cisplatina e a consequente independência com o nome de República Oriental do Uruguai,
agravando assim, e muito, os problemas de D. Pedro I, pois, além das crises
políticas, havia a crise econômica, gerada pela recuperação da exportação e
produção do açúcar pelas colônias espanholas com sua recente independência e
normalização da exportação.
Outro fato que gerou
descontentamento geral foi a desenfreada emissão de papel-moeda por D. Pedro
visando sanar os déficits surgidos com a derrota na Guerra da Cisplatina. Em
decorrência desta política econômica desastrosa, surgiu a inflação, diminuíndo
o poder aquisitivo das camadas mais pobres da população. Somado a isso, havia a
saída das reservas monetárias, anteriormente depositadas no Banco do Brasil,
levadas para Portugal quando do retorno de D. João VI.
Abdicação
do trono português
Seguindo a política da
Constituição portuguesa de então, e aproveitando-se da fragilidade do Brasil
após a Guerra da Cisplatina, D. João VI e a ala absolutista de seu ministério
procuram reaver o território brasileiro em meados de 1825. Na iminência de uma
guerra, D. João VI decide por nomear Pedro seu sucessor em Portugal, ignorando
a deserção que ele mesmo impôs ao filho devido à sua rebeldia e aos
acontecimentos de 1822—negociação essa acompanhada à distância pelo governo
inglês. Habilmente, Pedro I aceita a proposta e retorna a Portugal para
finalmente sagrar-se Pedro IV de Portugal em maio de 1826, após a abdicação de
seu pai. Contudo, vista a Constituição brasileira recém-aprovada, era proibido
ao imperador brasileiro deter paralelamente o título de regente de Portugal.
Assim, apenas um mês depois de coroado rei português, Pedro abdica ao trono,
todavia garantido a sucessão à sua primogênita, D. Maria II, que momentaneamente não assumiria
devido à sua idade, e entregando a regência do reino português a D. Miguel I. Pedro retorna ao Brasil, onde
enfrentaria uma conjuntura política cada vez mais desfavorável a si.
Situação
em Portugal
Entretanto, D. Miguel,
irmão de D. Pedro I, fez-se proclamar rei em lugar da filha do imperador
brasileiro. Todos esses problemas, que ocasionaram uma sucessiva substituição
de ministés e portugueses em 13 e 14 de março de 1831. Assim em 7 de abril,
depois de uma grande manifestação popular no Rio de Janeiro, ocorria a
abdicação de D. Pedro I e o trono brasileiro passava a seu filho de cinco anos,
Pedro de Alcântara.
Crise
A opinião pública começou
a reagir contra o imperador, entre outras razões pela morte de D. João VI em
1826, sendo D. Pedro I o legítimo herdeiro do trono português. Após a morte do
pai, Pedro envolveu-se crescentemente na questão sucessória em Portugal. Para
os portugueses, era o herdeiro da Coroa. Para os brasileiros, o imperador não
deveria ter vínculos com a antiga metrópole pois, ao proclamar a Independência,
havia renunciado à herança lusitana. Depois de muita discussão, o imperador
formalizou sua renúncia e abdicou do trono de Portugal em favor de sua filha
mais velha, Maria da Glória.
Apesar de ter renunciado
ao trono de Portugal em favor da filha, a oposição liberal brasileira continuou
pressionando-o, principalmente diante do envolvimento do imperador, no plano
externo, com os problemas advindos dessa sucessão. A situação agravou-se, no
plano externo, com a perda daProvíncia Cisplatina (1828).
No plano interno, o
imperador passou a enfrentar diversos problemas, tais como as dificuldades
financeiras advindas da falência do primeiro Banco
do Brasil (1829)
e a inflação ocasionada pela elevação dos preços dos alimentos, a situação
familiar do imperador após o falecimento de sua primeira esposa, Imperatriz Dª.
Maria Leopoldina (1826), diante do envolvimento com a sua amante a Marquesa de Santos, o assassinato do
jornalista Líbero Badaró em São Paulo (1830), executado por
policiais ligados ao império (Dom Pedro foi responsabilizado pela morte), e o
constante apoio pedido pelo governante aos burocratas e militares do setor
português, gerando conflitos entre portugueses e brasileiros.
D. Pedro I procurou então
apoio nos setores portugueses que instalara no Brasil na burocracia
civil-militar e no comércio das principais cidades. Com a sua imagem cada vez
mais desgastada perante a opinião pública brasileira, as manifestações de
protesto eram reprimidas com violência.
Abdicação do trono
brasileiro
Uma tentativa de recuperar
prestígio político foi frustrada pela má recepção em uma visita aMinas
Gerais - foi a última. A intenção era obter um acordo com os políticos
da província, mas foi recebido com frieza já que havia setores da elite mineira
que o ligavam ao assassinato do jornalista.
Numa tentativa de conciliar
novamente o seu governo com a opinião pública, D. Pedro I nomeou um novo
ministério com pessoas aceitas pelos liberais. Porém, a oposição não aceitou a
manobra, e continuou a pressioná-lo. O ministério assim formado foi destituído
e constituído um novo com portugueses de tendências absolutistas. Os soldados
brasileiros aquartelados no bairro de São Cristóvão e o povo reagiu formando uma
oposição implacável, culminando com o cerco ao palácio imperial pela população.
Não houve resistência, pois poderia ocasionar uma guerra civil.
Revoltados, os portugueses
instalados no Rio de Janeiro promoveram uma manifestação pública em desagravo
que desencadeou a retaliação dos setores antilusitanos, havendo tumultos e
conflitos de rua. Irado, o imperador prometeu castigos, mas lhe faltava
sustentação política.
A 7 de abril de 1831, D. Pedro I
renunciou ao império, deixando o país nas mãos de seu primogênito, D. Pedro II, que na época tinha 5 anos. No mesmo
dia, embarcou a bordo do HMS Warspite, de onde nomeou José Bonifácio de Andrada e Silva como
tutor de seus filhos menores, e seguiu para Portugal.
D. Pedro I faleceu
em Sintra em 1834, depois de ainda
ter participado das Guerras Liberais portuguesas, onde lutou a
favor de sua filha, D. Maria II, cujo trono português fora
usurpado por seu tio, D. Miguel I, o qual havia sido indicado regente
português anteriormente.
Fonte: Wikipédia
Nenhum comentário:
Postar um comentário